quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Gravidez na Adolescência

A adolescência implica um período de mudanças físicas e emocionais considerado, por alguns, um momento de conflito ou de crise. Não podemos descrever a adolescência como simples adaptação às transformações corporais, mas como um importante período no ciclo existencial da pessoa, uma tomada de posição social, familiar, sexual.




A puberdade, que marca o início da vida reprodutiva da mulher, é caracterizada pelas mudanças fisiológicas corporais e psicológicas da adolescência. Uma gravidez na adolescência provocaria mudanças maiores ainda na transformação que já vinha ocorrendo de forma natural. Neste caso, muitas vezes a adolescente precisaria de um importante apoio do mundo adulto para saber lidar com esta nova situação.



A actividade sexual da adolescente é, geralmente, eventual, justificando para muitas a falta de uso de anticoncepcionais. A grande maioria delas também não assume diante da família a sua sexualidade, nem a posse do anticoncepcional, que denuncia uma vida sexual activa. Assim sendo, além da falta ou má utilização de métodos contraceptivos, a gravidez e o risco de engravidar na adolescente podem estar associados a uma menor auto-estima, a um funcionamento familiar inadequado, à falta de informação ou até mesmo ao uso de informação errada. Apesar da facilidade de acesso à informação sexual, esta não tem garantido maior protecção contra doenças sexualmente transmissíveis e nem contra a gravidez nas adolescentes.



Especialistas em planeamento familiar criticam a falta de medidas sociais para travar a gravidez na adolescência em Portugal, o segundo país europeu com mais casos, salientando que não chega investir apenas na área da saúde.






A importância do papel da família e da escola...




Os programas de educação sexual transmitidos pelas escolas vêm cumprindo um papel fundamental, já que permitem o diálogo e a circulação de informações sobre a sexualidade. Os meios de comunicação e as campanhas publicitárias também têm abordado com frequência este assunto, particularmente visando a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis.É função dos serviços de saúde implantar programas especiais à disposição dos jovens, para informá-los e alerta-los, se necessário. Os adolescentes não precisam de sentir vergonha. Além de ser um direito, os profissionais de saúde têm prazer em recebê-los e, através dos serviços oferecidos, possibilitar-lhes informação a respeito dos vários métodos anticoncepcionais existentes. É bom lembrar que, desde a primeira relação, é necessário proteger-se.



No entanto, dar apenas informações técnicas aos jovens não basta:
É muito importante que também sejam orientados em casa, na família. É essencial que possam fazer perguntas, conversar com amigos e parentes mais velhos e aconselharem-se quanto à escolha do melhor método anticoncepcional. O importante é que falem e sejam ouvidos. Este canal de comunicação precisa de ser criado e mantido, tanto com a filha, desde a sua primeira menstruação, tanto com o filho.



Em que idade deve ser a primeira vez?


Tal e como não existe uma altura certa para estar preparado a iniciar a vida sexual activa, também não existe uma data para a primeira vez. Existem várias razões pelas quais um jovem se pode sentir atraído a ter relações sexuais pela primeira vez:

Como forma de conseguir maior proximidade;

Um modo de ter novas experiências;
Para provar a maturidade que se alcançou;
Para ser como os outros amigos e conhecidos;
Como um meio de encontrar alívio de certas pressões;


Para investigar os mistérios do amor;


Por desejos e atracções sexuais;
Por amor.


Embora existam muitos motivos que levam os adolescentes a ter relações sexuais pela primeira vez e continuar a actividade sexual, estes não são todos igualmente válidos, uns são francamente melhores que outros.






A gravidez…

Ocorre geralmente entre a primeira e a quinta relação, sendo o parto, a principal causa de internação entre 10 e 14 anos. Muitos são os factores que procuram justificar esse aumento no índice de mamas adolescentes. Entre eles, está o início cada vez mais precoce da actividade sexual.
Estudos mostram que adolescentes que iniciam vida sexual precocemente ou engravidam nesse período, geralmente vêm de famílias cujas mães também iniciaram vida sexual precocemente ou engravidaram durante a adolescência. Concluiu-se que, quanto mais jovens e imaturos os pais, maiores as possibilidades de desajustes e desagregação familiar.

Nas classes económicas menos favorecidas, onde há maior abandono e promiscuidade, maior carência de informação, menor acesso à contracepção, está a grande incidência da gestação na adolescência. O contexto familiar exerce influência directa com a época em que se inicia a actividade sexual.

O medo de assumir o início da vida sexual, e a falta de diálogo dentro da própria família são grandes colaboradores para uma gravidez precoce. O conflito gerado nas adolescentes entre o "não" da família, e o "sim" autoritário que impera na mídia, faz com que estas busquem apoio, e raramente conseguem alguém para ouvi-las. O resultado disso é que, ou não usam, ou se utilizam dos métodos anticoncepcionais de baixa eficiência (coito interrompido).

Muitas vezes, por medo da reacção da família, ou da sociedade de um modo geral, a adolescente "esconde" a gravidez o máximo possível, iniciando o pré-natal tardiamente, ou até mesmo chegando ao parto sem ele.



As complicações obstétricas na adolescente vão desde anemia, ganho de peso insuficiente, hipertensão, infecção urinária, DST, desproporção céfalo-pélvica, prematuridade e, até aborto. Para o bebé, baixo peso ao nascer, doenças respiratórias, trauma obstétrico, além de maior frequência de doenças perinatais e mortalidade infantil. Muitas dessas complicações poderiam ser evitadas ou até minimizadas com um pré-natal adequado. Deve-se considerar que estes riscos se associam não só a idade materna, ou ao pré-natal inadequado ou insuficiente, mas também a outros factores, como a baixa escolaridade, baixa condição socioeconómica, intervalos curtos entre os partos


A OMS (Organização Mundial de Saúde), considera a gravidez na adolescência como de alto risco, devido às repercussões sobre a saúde da mãe (seu corpo ainda não está formado adequadamente para a maternidade) e do bebé (sofre a influência da imaturidade física e psíquica da mãe). Porém, actualmente postula-se que os riscos são mais significativos socialmente e emocionalmente que biologicamente para ambos. As consequências de uma relação sexual que implica uma gravidez, aparecem tardiamente e a longo prazo, tanto para a mãe, como para o bebé. Por um lado, a adolescente poderá apresentar problemas de crescimento e desenvolvimento, emocionais e comportamentais, educacionais e de aprendizado, dificuldade em actividades sexuais futuras além de complicações na gravidez e problemas no parto. Por outro, dependendo do grau em que essas complicações afectaram a vida dessa adolescente, as consequências serão sofridas pelo bebé, como rejeição, maus tratos, carência afectiva, entre outros....



ATENÇÃO...


PORQUE É IMPORTANTE...!

Preservativos

Diafragma

Pílula Combinada

Pílula de emergência (do "dia seguinte")
Adesivo


Anel Vaginal

Como vês, são vários os métodos contraceptivos existentes, e todos eles previnem uma gravidez indesejada.
Marca uma consulta em ginecologia ou dirije-te ao Planeamento Familiar e informa-te melhor sobre cada um deles, para que possas proteger as tuas relações sexuais!



O Planeamento Familiar


O planeamento familiar é uma forma de assegurar que as pessoas têm acesso à informação, métodos de contracepção eficazes e seguros, serviços de saúde adequados que permitam a vivência da sexualidade segura e saudável, bem como uma gravidez e parto nas condições mais adequadas. E não tens acesso apenas a consultas... Tens também acesso à actividades e serviços que existem quer no teu centro de saúde, com o teu médico de família, ou em qualquer outro centro de saúde que tenha gabinete de atendimento a jovens, mais próximo da escola ou do emprego, ou ainda nos GASJ's ou CAJ's das Delegações Regionais do IPJ.


Curiosidades...

Qual é para ti, a principal causa da gravidez na adolescência?


Para encontrar uma resposta a este fenómeno, foi feito um estudo, em que a maioria dos votantes (65%) acreditam que a principal causa da gravidez na adolescência ocorre porque os jovens nessa idade fazem as coisas sem pensar nas consequências. Observe o gráfico abaixo, com o resultado final.






Separando o resultado final entre homens e mulheres, podemos observar que o sexo não influencia na opinião dos votantes: as percentagens são praticamente as mesmas entre homens e mulheres. Observa:





Por último, dividiu-se os votantes por faixa etária, de forma que cada faixa tivesse aproximadamente o mesmo número de pessoas. Notou-se assim, que a idade dos votantes:


Resultado final agrupado por faixas de idade:

até aos 15 anos - 553 votantes;

dos 16 aos 19 anos - 431 votantes;

dos 20 aos 28 anos - 453 votantes;

dos 29 ou mais - 462 votantes.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007